terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Meu trono, meu mundo

Ele acordou hoje ao mesmo tempo perdido e exaurido pela possibilidade de mudanças. Foi até a banca de jornal, vasculhou as notícias e lá estava ela. "Uma hora esse 'eterno' trono seria desmantelado", pensava ele. Enfim... A igualdade perante os homens em nossa sociedade será dissolvida por poderes abaláveis pelo capital. "Quero crescer! Quero dinheiro, quero progredir! Meu país não me permite!". Mas sua crença numa sociedade mais ambiciosa é superior ao que eu somente preciso ter para minha sobre-vivência*. "Mas eu quero mais, quero poder ter carros do ano, um bom apartamento, quero poder ter mais, quero ganhar mais". Até onde você irá? Sociedades capitalistas pelo mundo inteiro têm tudo o que você quer e mais, muito mais pobreza e desigualdade, têm muitos milionários e muita miséria, violência. "Mas eu quero experimentar". Quem sabe não experimentarás um dia. Não precisará ir muito longe. Fidel, fiel aos seus princípios e ser humano, não é armadura, é carne e osso. Um dia seria abalado. Não é deus, mas construiu uma sociedade ainda que igualitária, sem muitas perspectivas de crescimento e liberdade individual, e a sociedade sentiu na pele muita dor e dificuldade. "Então...não precisarei sair, viverei isso aqui mesmo e terei o que contar aos meus sucessores, toda uma história e eles vão rir da minha cara e me questionarão como eu pude sobreviver a toda essa irrefutável conduta de vida."
Refutável até hoje. Suas idéias sempre foram contestadas. E esse suposto declínio abrirá, mas também fechará muitas portas. Não se iluda.

*
não é erro de ortografia

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Sucateando a arte, no mundo


A vilã da arte rouba a cena. Primeiro no Brasil, depois na Suíça. Estou há dias para falar sobre o sucateamento da arte. Sucateamento? Mas o que é arte afinal? Uma discussão dessas sem fim, como religião e futebol. Funk é arte? Futebol é arte? Picasso é arte? Niemeyer é arte? Arquitetura é arte?

Ainda bem que as telas também foram roubadas na Suíça, porque aí tiramos das costas a culpa e aquela frase "só podia ser brasileiro". Aqui também fala-se alemão e se foi um alemão que roubou as telas na Suíça, ele também bem que poderia falar um português mais ou menos. Li uma vez que a arquitetura não tinha o valor que uma pintura tem, ou que uma obra de arte, uma escultura têm. Arquitetura é coisa pra ser vivida, sentida com as suas quatro dimensões. É mais rica que uma pintura, por ser parte da experiência, cheiro, tato, visão e audição. O tempo, quarta dimensão, é o tempo do real, do momento que será diferenciado por outro e mais outro e outro. O sol do meio-dia é diferente do sol das 18h. Um monumento ao meio-dia é outro às 18h. E a pintura?

A pintura é generosa, num quarto é uma coisa na sala é outra. Não descarto seu valor, mas poderia ser mais baixo não? Milhões de dólares num espaço de 60cm x 60cm? E o espaço de obras arquitetônicas tão ricas, espaços de mais de mil metros quadrados? Se eu pudesse levava pra casa. Talvez uma maquete do MAC valha tanto quanto uma pintura de Cèzanne. Ou o Museu do Louvre. Ou não...

O que leva o nome da arte? O autor? Ou seu poder sobre os outros? Século XXI e a arte de séculos passados está aí. A arquitetura também. Mas quem vale mais? O que farei com telas de pintores mortos? Sucata... no mínimo, ou milhões de dólares... melhor gastá-los vendo arquiteturas do mundo e quem sabe uma tela de Picasso no museu do Louvre. :)