Ela acorda todos os dias às seis horas da manhã e faz tudo sempre igual... Nada de novo. As mesmas pessoas, o mesmo caminho, o mesmo lugar, batendo a cabeça na parede, tum, tum, tum. Nada se cria, nada se transforma. Olha ao redor encontra os mesmos seres, o mesmo outdoor, a mesma janela. Todos seguindo sempre seus mesmos passos. Corre aqui, veja lá, entre aqui, saia ali. E sobe aqui, senta ali, olha aqui, levante daí, vai lá, pega, lê, faz, senta ali, olha aqui, levanta, senta, ouve. Grita? Não. Saia daqui, vai lá, corre, esquece, joga, levanta e não volta. Mistura tudo. Faz diferente. Roda, roda, roda. Bate a cabeça na parede. Quebra. A parede, não a cabeça. Bate. Quebra mais uma vez, outra vez. Olha. Uma fresta. Quebra, outra fresta. Grita! Chegou a hora!
Conversava com um amigo sobre caminhos e lugares e me veio essa inspiração para descrever movimentos de mudança, de atitudes, de novos caminhos e novos lugares. Não lugares e caminhos necessariamente físicos, mas no meu entendimento caminhos que nos levariam a algum lugar, seja ele em prol de uma situação, ou de um desejo maior, ou mesmo do seu próprio entendimento do que é sua vida. E nesse mundo onde o que vem contando é a passagem do tempo segundo números, cabe uma reflexão muito profunda. Não me importa se passou de 7 para 8, mas se em sete grandes coisas pude fazer mais uma... por mim, ou pelas pessoas, ou pelo infinito de pequenos momentos diários. Se vou ao supermercado e compro um único produto e não o levo na sacola e sim dentro de minha bolsa. Ou se já levo a sacola de ontem hoje de novo. Pronto, essa passou a ser minha mínima contribuição perante o meio em que estamos inseridos. Fechar a torneira do chuveiro enquanto é a vez do sabão. E segue por aí. (Legal é ver a cara das pessoas vendo você colocar um sabonete que acabou de comprar dentro de sua bolsa... ou o cara do caixa achar estranho você retirar todas as sacolas da sua bolsa para colocar suas compras....)
Reverter um quadro colocando-o de cabeça pra baixo pode nos dar uma visão um pouco estranha, mas com o tempo passa ser mais fácil lidar com isso. Ver a vida por um novo ângulo. E daí dele não se quer sair mais. Quando encontrar esse lugar ou caminho, (como queira B.), e entendê-lo através de um novo ângulo, quem sabe a contagem do tempo não fará mais sentido. Tudo é um ciclo que se renova. Legal é poder ter liberdade e discernimento para mudar.
Anos não se contam, eles no fundo não existem. São como frestas abertas para novos caminhos, ou lugares.